quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Balanços à beira do desconhecido

E então o ano finalmente chegou ao final. Não vou esconder de ninguém que sinto um tremendo alívio por isso. Acho que envelheci uns 5 anos em 1, pelo menos valeu a pena pois me sinto um pouco menos idiota e mais cheio de vida e de histórias. Vou fazer aqui meu balanço, das coisas que acho mais importantes, para me ajudar a pensar no que será do meu futuro próximo.


O ano começou em Trindade-RJ, com uma certa chuva, em companhia de amigos e de um bom namorado que deixou muito boas lembranças. Não sabia mas o Rio de Janeiro acabaria sendo o lugar paradigmático do ano. Hahhaha. Os primeiros meses foram arrastados, o namoro acabou e nem me lembro o que fiz direito destes meses até a virada cultural em maio.

Paixão explosiva. Promessas às estrelas. Confidências no teto da moradia da unicamp. Sexo como nunca antes. Lua de mel argentina. E para encurtar a estória a raposa ficou tonta e doente no dia do seu aniversário. Em Montevideo ponto final:

Sofri muito, fiquei cheio de cabelos brancos. Descobri outras culturas, sabores, pessoas. Agonia e pitatinhas de extâse. Mágoa e depois esquecimento. Achei que não iria mais ficar apaixonado no ano, mas houve o sujeito de postagens anteriores. Neste momento alguém de quem gosto imensamente me interrompe e diz: "Eu acho que vc está passando por uma crise de identidade de tamanho considerável e, como consequência, falando coisas que sabe que não irá fazer." Talvez ele tenha razão, mas a crise é de outra natureza. Estou exausto dos meus planos moribundos, feitos pelo meu eu adolescente pré graduação. Já estou há 14 anos na Universidade. To sentindo vontade de tirar a roupa e sair correndo para longe do wissenschaft cabeçudo. Quero viajar no cheiro da grama molhada novamente, seguir pela estrada do oriente, não ter vergonha e principalmente não me arrepender por ficar apaixonado. Quero manter minha coerência e seguir pelo mundo. AHHHHH! (grito na noite fria de verão!!!) antes que me esqueça, este ano publiquei um livro com minha mulher morena escândalo, (quem quiser cópia me avise que ganha de presente), é sobre o mercado da performance. O texto também foi publicado em espanhol numa revista argentina. Também representei a USP num evento internacional na recoleta na argentina, dei umas aulas e escrevi 42 páginas da minha tese.
Este ano, mais uma vez tive a honra de estar com o Clement aqui em casa. Dentro tudo que é transitório e vulgar, só o charme da timidez francesa permanece entre queijos e vinhos. Tudo passa menos ele. Abaixo temos um momento onde vi um coelho nas crateras da lua:

Isso significa mais um namoro, mais bons momentos e depois uma ruptura. Coloquei o coração para descansar bem longe dos olhares do mundo. Enquanto isso:
Meus orientadores abrindo uma nova porta para mim, dessa vez em Manchester - Inglaterra.
No meio deste turbilhão me sinto como Bukowski na mão do hippie em Hair. Em breve trarei notícias de lá. Para terminar:
Un due tre
Quattro cinque e sei
Un saltino e sono sulla gamba di costei
Un due tre
Quattro cinque e sei
Mi permetta un morsettino
Scusi non ce l’ho con lei
Un due tre
Quattro cinque e sei
La pancina adesso è piena
Ciao goodbye aufwiedersen

domingo, 9 de dezembro de 2007

Borandá deambular


Querido diário, essa foi uma das semanas mais loucas de um ano idem. O melhor momento foi ter ido à São Carlos entrevistar o LFER (imagem acima com parangolé em NYC). Sem dúvida alguma um mestre. Falamos muito sobre Oiticica, loucuras e sonhos. Voltarei lá mais vezes para pedir a benção. A foto ai de baixo é de quando sai la da chácara onde ele mora e fui andar até a rodoviária da cidade com meu mochilão multimídia debaixo de chuva.
Outro dia examinei a sola do meu tênis preferido e vi que de certa forma estou fazendo como os pássaros, espalhando sementes agarradas em chiclete e bitucas de cigarro. (é uma metáfora interessante para o autor). O que nos leva a noite de ontem, maior motivação para escrever aqui agora.
Encontrei o Lúcio e todas suas contradições no bexiga, no cruzamento ai de baixo. Fiz uma performance que mimetizava o Oiticica, big mouth strikes again, isso porque andamos pela escadaria onde ele fez a performance do "Oudáoudesçe" numa noite perdida nos 70's. Pela rua, um traficante batia boca com um infeliz, todo o povaréu se juntou pedindo sangue, mas ele não veio. Do embate com Lúcio, fica a promessa de nos reunirmos no futuro neste mesmo locus para refletir sobre nossas escolhas na vida e tals.Fomos depois a baladinha grátis no clube glória e finalmente me reencontrei com o southern confort. Fiquei tão contente e enamorado que bati essa foto lá e avisei aos amigos pelo celular. Quem gosta da bebida tem que aproveitar, pois talvez sejam as duas ultimas garrafas de SP.

Co'a marvada pinga é que eu me atrapaio
Eu entro na venda e já dô meus taio
Pego no copo e dali num saio
Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio
Só pra carregá é queu dô trabaio, oi lá!Encontrei também com uma boca transitória sem nome acompanhada de mão boba super excitada para conhecer a montanha de meus países baixos. Foi bom enquanto durou e dessa vez não teve chororo. Mas a "marvada" cobrou seu preço mais tarde quando o (hot) dogão que estava recém chegado ao estômago resolveu latir até sair de lá pela minha boca. Para piorar, depois dessa cena (privada essa vez) resolvi mandar uma mensagem para o sujeito de postagens anteriores. Era so a palavra maldito, mas nem isso consegui escrever direito. Que vergonha!!!
Voltei para casa e topei com essa imagem nos jardins da usp enquanto tocava essa música na minha cabeça:

Já virei calçada maltratada

E na virada quase nada
Me restou a curtição
Já rodei o mundo quase mudo
No entanto num segundo
Este livro veio à mão
Já senti saudade
Já fiz muita coisa errada
Já pedi ajuda
Já dormi na rua
Mas lendo atingi o bom senso
A imunização racional (Bom senso - Tim Maia)

sábado, 8 de dezembro de 2007

Página 32 do livro do amor perdido - Ficção ou realidade?

Imagem de Keith Haring que não sei o nome mas me lembra "o sócio-pata conquistador" como definido por Acácio Pagan.

Essa viagem ao rio me deixou quase sem palavras. Para mim ainda é difícil de entender nossos “encontros e desencontros” que ao contrário do filme de Sophia não tem quase nenhum encanto. Estou na estrada digitando estes pensamentos enquanto ainda me lembro das ruas do rio e da sua cara encantadora. Resolvi escrever para entender e para aproveitar a máxima dos Carpenters de tudo que você consegue do amor é uma canção de amor, sendo assim escrevo essa canção para ti, rememorando todos os momentos que tivemos desde o primeiro olhar ate o ultimo silêncio.

Uma vez no mundo paralelo da internet encontrei um sujeito baiano, mestiço de índio com holandês, brasileiro legitimo, protegido de oxumaré. Tinha olhos encantadores, oblíquos como os de Capitu, puxados e vesguinhos. Durante várias madrugadas não pude olhar para outra coisa que não fossem estes olhos. Conversávamos por horas e horas ate o raiar do dia e era uma conversa que neste instante enche meus olhos de melancolia pois agora sei que era pura conversa fiada de um desequilibrado. Pauso um pouco a redação para ver se voce finalmente deu algum sinal de vida no celular para dizer tchau ao menos, mas nada. Como companhia só o som dos Stone Roses; sinto um aperto no meu peito. Tudo esta mascarado pelo mau cinema canta Françoise Hardy em "to the end - comedie" versão francesa. Miséria carioca lá fora em breve será emendada pela miséria paulista, cordão umbilical: Dutra. Ontem na noite dos jogos entre meninos (eternos), a boate, percebi depois de beijar dois semi-desconhecidos, que somos os próprios meninos perdidos na terra do nunca e que não vamos sair de lá nunca, nem crescer, condenamos a uma velhice patética vestida de sunga nas areias do posto 9, falando mal uns dos outros. Praguejando contra o tempo...

Aquelas conversas que tínhamos aqueciam muito meu coração, atrapalhavam meu trabalho, me deixavam contente e preocupado. Sabia que era um momento especial compartilhado e correspondido pela sua enxurrada de palavras, das quais selecionei uns trechos e colo abaixo:

menino rodrigo, não preciso dizer que você não sai da cabeça.
entro mil vezes no orkut para ver sua foto de língua de fora, abro mais mil as fotos das mensagens que você mandou pelo celular. leio seu about me como se estivesse lendo bula de remédio, tentando descobrir mais de você e ficar um pouco mais perto. abraço travesseiros como se tivessem 1,72 e barba pra ver se eu sonho mais um pouco.
e sério, tenho tido as melhores noites em muito tempo, vendo você pela cam e amanhecendo o dia esperando pelas suas reações a todas as besteiras que eu escrevo (...)

Lembra do Charles Laughton naquela noite pré trepada: liar, liar, liar. Pois é, antes fosse o personagem de Marlene Dietrich, mentindo por amor, mas como você mesmo disse em algum momento, você é só uma bicha de Ipanema. Rio de Janeiro, zona sul, tenho uma opnião a respeito e gostaria de dizer que o Rio é maravilhoso, especialmente no verão, como turista, e se você tem algum dinheiro no bolso pronto para curtir as superficialidades. Só um tapinha nao dói! Agora, se você pensa em qualquer coisa diferente do coito breve, gozo 1,99, la é uma terra putrefada, putrida de putos (com raríssimas e honrosas exceções). Dai serão vários tapinhas e a dor vai ser imensa, uma hora ou outra.

Penso em você naqueles dias de internet até o limite que me impus: este "te amo em potência", deveria ser testado o mais rápido possível, não poderia ficar com essa dúvida na cabeça. Fui para outro estado só para isso, cheguei amassado e de mau humor, mas ver que você existia, a alegria que estava no seu olhar no nosso primeiro beijo, sentir seu gosto, seu hálito. Até tomei vitamina de frutas batidas! Nada de whisky, era maça mesmo. Ficar aqueles dias na sua casa, abraçado quase o tempo todo, conversando, trocando filmes e músicas foi muito especial. Senti muita identificação contigo ainda que você tivesse este corpão (rodado). Por isso quando estava indo para o cadafalso dos falsos prazeres na terra do nunca que fica na rua raul pompéia, te mandei via celular: saudade. Só isso. Era uma forma de pedir socorro também. Estou sentindo sua falta ainda que você só mereça meu desprezo. Está ai a lama tantas vezes chafurdada em nosso cancioneiro popular. Restam 38% da bateria de meu computador e penso em ficar digitando até o final. Acaba de chegar uma mensagem no meu celular, não é sua mas de meu amigo-amante-querido carioca dizendo ciao e boa viagem. Sobre isso a única coisa que posso comentar é: enquanto tudo é jogo, enquanto temos um distanciamento calculado do outro, tudo parece funcionar bem. O problema sempre foi o salto de bungee jump.

Desliguei o celular agora 16.20. Olhei pela ultima vez as suas fotos la. Silêncio.

Aproveitei que chorei um pouco e tirei umas fotos. Não ficaram boas porque com o calor tropical as lágrimas secam rápido no rosto. (2 de dezembro de 2007)


segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Postcards from Rio

Fui ao Rio movido a paixão, voltei de lá com um samba maroto mais ou menos assim: vô tomá banho de pipoca! vô tomá, banho de feijão; qualquer coisa que desamarre meu coração! (chora cavaco! ria cuíca!)
Acima vemos dois momentos cariocas, em um a explosão pré natalina e no outro uma bruma com cheiro de queimado que restou depois do estouro dos fogos. Ainda não sei qual imagem é a mais forte dessa viagem. Na dúvida mandei os pensamentos para longe junto com meus cabelos. Quem sabe a careca não me deixa mais ponderado e menos explosivo?
Rio de Janeiro - "City of Splendour"
Rio de Janeiro - Funk do Ai que susto !
(but I'm still pledging my time to you)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

segunda chuvosa em sp: confissões


  1. Confesso que estou emagrecendo por estar apaixonado.
  2. Nas ultimas horas, beijei o celular mais de 10x e isso não tem nada a ver com mais valia.
  3. Estou preocupado, mas como estou grávido de esperanças, me sinto flutuando sobre o chão, num estado interessante, que tinha me prometido so voltar a sentir depois de agosto de 2008, mas a vida é assim. Turbilhão total, fluxos que surgem e te pescam, como a maré.
  4. Won't you come with me, baby?
    I'll take you where you wanna go.
    And if it don't work out,
    You'll be the first to know.
    I'm pledging my time to you,
    Hopin' you'll come through, too. (Bob Dylan - Pledging My Time)